O que é TDAH?
TDAH é a sigla de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, que
segundo a ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção) teve sua primeira descrição oficial em 1902, quando
um pediatra inglês, George Still, apresentou casos clínicos de crianças com
hiperatividade e outras alterações de comportamento; na sua opinião não podiam
ser explicadas por falhas educacionais ou ambientais, mas que deveriam ser
provocadas por algum transtorno cerebral na época desconhecido.
Hoje, “O TDAH é um dos transtornos mais
bem estudados na medicina e os dados gerais sobre sua validade são muito mais
convincentes que a maioria dos transtornos mentais e até mesmo que muitas
condições médicas” (MATTOS, 2005, p. 17).
Ainda segundo Mattos (2005, p. 54), com base em
diferentes estudos em várias regiões do mundo, inclusive no Brasil, acredita-se
que a prevalência varie entre 5% a 8% das crianças.
Fatores Genéticos
“O TDAH é um transtorno multifatorial, com total
interação entre fatores genéticos, ambientais e neuroquímicos, determinando o
conjunto de características que identificam uma pessoa” (Cartilha TDAH
Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, Uma conversa com educadores,
p. 23)
Segundo a cartilha da ABDA, sobre o tema,
TDAH é um transtorno neurobiológico, com grande participação genética (isto é,
existe chances maiores de ele ser herdado).
Sobre essa herança, Mattos (2005, p. 45) afirma:
Quem herda a
predisposição para o TDAH
têm uma alteração
nas substâncias que passam as informações entre as células nervosas, os
neurotransmissores. No caso do TDAH, são a dopamina e a noradrenalina que estão
deficitárias. Esses neurotransmissores são importantes especialmente na região
anterior do cérebro, o lobo frontal, e suas conexões para vários outros locais
no cérebro.
A Cartilha Novartis Biociências diz que
“Os fatores ambientais que mais têm sido associados a um risco aumentado para a
criança desenvolver TDAH são o abuso materno de nicotina e de álcool durante a
gestação.”
Sintomas
Alguns sintomas, segundo Mattos (2005, p. 21 e
22), fazem com que o TDAH se caracterize
por uma combinação de dois grupos: desatenção; hiperatividade e impulsividade.
Esses sintomas fazem com que se formem três grupos
distintos de TDAH:
- Forma predominantemente desatenta;
- Forma predominantemente hiperativa/impulsiva;
- Forma combinada.
Para Barkley (2002, p. 65), o TDAH representa um
problema no modo como as crianças aprendem a controlar seus impulsos e a
regular seu próprio comportamento, problemas esses que não se encontram
perfeitamente definidos.
Assim, enquanto a criança é pequena, os pais
percebem que ela parece ser um pouco diferente das demais por não obedecer,
chorar muito, fazer muitas birras, mas acreditam que seja dela mesma, ou que
estejam errando ao impor os limites necessários para seu desenvolvimento. Mas,
embora os pais não saibam, ninguém adquire TDAH no transcorrer da vida: ele já
veio com a criança.
Ao entrar na escola, os problemas ficam mais
aparentes, pois a criança apresenta comportamentos desviantes dos demais alunos
da classe, o que faz com que seja visto como “problema” para o bom andamento da
sala.
Assim, TDAH é um transtorno herdado que causa
vários problemas na vida de crianças, adolescentes e adultos se não for
diagnosticado e tratado de forma adequada.
“Caso você comece a suspeitar que seu filho tem
TDAH, não o ignore com esperanças de que irá desaparecer espontaneamente.Considere
a busca de avaliação profissional”, diz Barkley (2002, p. 132).
Para essa avaliação pode-se buscar o pediatra,
psicólogo infantil, psiquiatra infantil, neurologista pediátrico, assistente
social, psicólogo da escola, clínico da família, profissional de saúde mental,
professor especialista, porém é necessário que tenha-se conhecimento específico
sobre a literatura científica do assunto e, se necessário medicar, saber que a
medicação é controlada e só pode acontecer através de um médico. O diagnóstico é clínico, não havendo exames
para realizá-lo.
Para diagnosticá-lo, é necessário identificar
vários sintomas que são descritos no DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual,
4ª edição), e sobre o qual Mattos (2005, p. 20 e 21) faz uma lista:
Módulo A: Sintomas de desatenção
1) Prestar pouca atenção a detalhes e
cometer erros por falta de atenção;
2) Dificuldade de se concentrar (tanto
nas tarefas escolares quanto em jogos e brincadeiras);
3) Parecer estar prestando atenção em
outras coisas numa conversa;
4) Dificuldades em seguir as instruções
até o fim ou deixar tarefas e deveres sem terminar;
5) Dificuldade de se organizar para
fazer algo ou planejar com antecedência;
6) Relutância ou antipatia em relação a
tarefas que exijam esforço mental por muito tempo (tais como estudo ou
leitura);
7) Perder objetos necessários para
realizar as tarefas ou atividades do dia-a-dia;
8) Distrair-se com muita facilidade com
coisas à sua volta ou mesmo com seus próprios pensamentos. É comum que pais e
professores se queixem de que estas crianças parecem “sonhar acordadas”;
9) Esquecer-se de coisas que deveria
fazer no dia-a-dia.
Módulo B: Sintomas de hiperatividade
e impulsividade
1)
Ficar
mexendo as mãos e pés quando sentado ou se mexer muito na cadeira;
2)
Dificuldade
de permanecer sentado em situações em que isso é esperado;
3)
Correr
ou escalar coisas, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes
e adultos pode se restringir a um sentir-se inquieto por dentro);
4)
Dificuldades
para se manter em atividades de lazer (jogos ou brincadeiras) em silêncio;
5)
Parecer
ser “elétrico” e a “mil por hora”;
6)
Falar
demais;
7)
Responder
perguntas antes de elas serem concluídas. É comum responder a pergunta sem ler
até o final;
8)
Não
conseguir aguardar a sua vez;
9)
Interromper
os outros ou se meter nas conversas dos outros.
Além dos sintomas tradicionais, Mattos (2005, p. 29
e 30) cita ainda outros sintomas do TDAH que não estão listados e, entretanto,
são mais comuns:
a) Baixa auto-estima – impressão ruim acerca de
si próprios;
b) Sonolência diurna;
c) “Pavio curto”;
d) Necessidade de ler mais de uma vez para
“fixar” o que leu;
e) Dificuldade em levantar de manhã e se
“ativar” para começar o dia;
f) Adiamento crônico das coisas;
g) Mudança de interesse o tempo todo;
h) Intolerância a situações monótonas ou
repetitivas;
i) Busca frequente por coisas estimulantes ou
simplesmente diferentes;
j) Variações frequentes de humor.
O diagnóstico,
após estabelecido, pode gerar tristeza e inconformação por parte dos pais,
assim como aceitação e busca de tratamento.
Segundo Barkley
(2002, p.154), combinar medicações com tratamento psicológico pode produzir
benefícios adicionais e talvez resultar em menor necessidade de medicação ou na
diminuição de doses.
Estando em
tratamento, a escola necessita buscar formas para acolher esse aluno em sua
realidade, visto que a LDB, em seu artigo 3º, inciso I, diz que “O ensino será ministrado com base
nos princípios de igualdade de condições para o acesso e permanência na escola
para todos os alunos”.
A igualdade de
direitos dá ao TDAH melhores possibilidades de crescimento educacional escolar.
Referências Bibliográficas
MATTOS, PAULO. No mundo da lua. 9. ed. São Paulo Pag 17, 21, 22, 29, 30,
45, 54, Casa Leitura Médica,2010
BOYNTON, M.; BOYNTON, C. Prevenção e resolução de problemas
disciplinares: guia para educadores.1. ed. , Porto Alegre, p. 149-156, Artmed, 2008.
BARKLEY, R.A. Transtorno do déficit de
atenção/hiperatividade (TDAH): guia completo e autorizado para os pais,
professores e profissionais da saúde. 1.ed. Porto Alegre, p. 65, 132, 154,
Artmed, 2002.