Cidadania

Cidadania

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

Vídeo aula 11

Saúde na escola

Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade



O que é TDAH?

        TDAH é a sigla de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, que segundo a ABDA (Associação Brasileira do Déficit de Atenção) teve sua primeira descrição oficial em 1902, quando um pediatra inglês, George Still, apresentou casos clínicos de crianças com hiperatividade e outras alterações de comportamento; na sua opinião não podiam ser explicadas por falhas educacionais ou ambientais, mas que deveriam ser provocadas por algum transtorno cerebral na época desconhecido.
        Hoje, “O TDAH é um dos transtornos mais bem estudados na medicina e os dados gerais sobre sua validade são muito mais convincentes que a maioria dos transtornos mentais e até mesmo que muitas condições médicas” (MATTOS, 2005, p. 17).
Ainda segundo Mattos (2005, p. 54), com base em diferentes estudos em várias regiões do mundo, inclusive no Brasil, acredita-se que a prevalência varie entre 5% a 8% das crianças.

Fatores Genéticos

“O TDAH é um transtorno multifatorial, com total interação entre fatores genéticos, ambientais e neuroquímicos, determinando o conjunto de características que identificam uma pessoa” (Cartilha TDAH Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, Uma conversa com educadores, p. 23)
        Segundo a cartilha da ABDA, sobre o tema, TDAH é um transtorno neurobiológico, com grande participação genética (isto é, existe chances maiores de ele ser herdado).
Sobre essa herança, Mattos (2005, p. 45) afirma:

Quem herda  a  predisposição  para  o TDAH   têm  uma  alteração  nas substâncias que passam as informações entre as células nervosas, os neurotransmissores. No caso do TDAH, são a dopamina e a noradrenalina que estão deficitárias. Esses neurotransmissores são importantes especialmente na região anterior do cérebro, o lobo frontal, e suas conexões para vários outros locais no cérebro.

        A Cartilha Novartis Biociências diz que “Os fatores ambientais que mais têm sido associados a um risco aumentado para a criança desenvolver TDAH são o abuso materno de nicotina e de álcool durante a gestação.”
       
Sintomas

Alguns sintomas, segundo Mattos (2005, p. 21 e 22),  fazem com que o TDAH se caracterize por uma combinação de dois grupos: desatenção; hiperatividade e impulsividade.
Esses sintomas fazem com que se formem três grupos distintos de TDAH:
- Forma predominantemente desatenta;
- Forma predominantemente hiperativa/impulsiva;
- Forma combinada.
Para Barkley (2002, p. 65), o TDAH representa um problema no modo como as crianças aprendem a controlar seus impulsos e a regular seu próprio comportamento, problemas esses que não se encontram perfeitamente definidos.
Assim, enquanto a criança é pequena, os pais percebem que ela parece ser um pouco diferente das demais por não obedecer, chorar muito, fazer muitas birras, mas acreditam que seja dela mesma, ou que estejam errando ao impor os limites necessários para seu desenvolvimento. Mas, embora os pais não saibam, ninguém adquire TDAH no transcorrer da vida: ele já veio com a criança.
Ao entrar na escola, os problemas ficam mais aparentes, pois a criança apresenta comportamentos desviantes dos demais alunos da classe, o que faz com que seja visto como “problema” para o bom andamento da sala.
Assim, TDAH é um transtorno herdado que causa vários problemas na vida de crianças, adolescentes e adultos se não for diagnosticado e tratado de forma adequada.
“Caso você comece a suspeitar que seu filho tem TDAH, não o ignore com esperanças de que irá desaparecer espontaneamente.Considere a busca de avaliação profissional”, diz Barkley (2002, p. 132).
Para essa avaliação pode-se buscar o pediatra, psicólogo infantil, psiquiatra infantil, neurologista pediátrico, assistente social, psicólogo da escola, clínico da família, profissional de saúde mental, professor especialista, porém é necessário que tenha-se conhecimento específico sobre a literatura científica do assunto e, se necessário medicar, saber que a medicação é controlada e só pode acontecer através de um médico.  O diagnóstico é clínico, não havendo exames para realizá-lo.
Para diagnosticá-lo, é necessário identificar vários sintomas que são descritos no DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual, 4ª edição), e sobre o qual Mattos (2005, p. 20 e 21) faz uma lista:
Módulo A: Sintomas de desatenção
1)    Prestar pouca atenção a detalhes e cometer erros por falta de atenção;
2)    Dificuldade de se concentrar (tanto nas tarefas escolares quanto em jogos e brincadeiras);
3)    Parecer estar prestando atenção em outras coisas numa conversa;
4)    Dificuldades em seguir as instruções até o fim ou deixar tarefas e deveres sem terminar;
5)    Dificuldade de se organizar para fazer algo ou planejar com antecedência;
6)    Relutância ou antipatia em relação a tarefas que exijam esforço mental por muito tempo (tais como estudo ou leitura);
7)    Perder objetos necessários para realizar as tarefas ou atividades do dia-a-dia;
8)    Distrair-se com muita facilidade com coisas à sua volta ou mesmo com seus próprios pensamentos. É comum que pais e professores se queixem de que estas crianças parecem “sonhar acordadas”;
9)    Esquecer-se de coisas que deveria fazer no dia-a-dia.
Módulo B: Sintomas de hiperatividade e impulsividade
1)    Ficar mexendo as mãos e pés quando sentado ou se mexer muito na cadeira;
2)    Dificuldade de permanecer sentado em situações em que isso é esperado;
3)    Correr ou escalar coisas, em situações nas quais isto é inapropriado (em adolescentes e adultos pode se restringir a um sentir-se inquieto por dentro);
4)    Dificuldades para se manter em atividades de lazer (jogos ou brincadeiras) em silêncio;
5)    Parecer ser “elétrico” e a “mil por hora”;
6)    Falar demais;
7)    Responder perguntas antes de elas serem concluídas. É comum responder a pergunta sem ler até o final;
8)    Não conseguir aguardar a sua vez;
9)    Interromper os outros ou se meter nas conversas dos outros.

Além dos sintomas tradicionais, Mattos (2005, p. 29 e 30) cita ainda outros sintomas do TDAH que não estão listados e, entretanto, são mais comuns:
a)   Baixa auto-estima – impressão ruim acerca de si próprios;
b)   Sonolência diurna;
c)   “Pavio curto”;
d)   Necessidade de ler mais de uma vez para “fixar” o que leu;
e)   Dificuldade em levantar de manhã e se “ativar” para começar o dia;
f)   Adiamento crônico das coisas;
g)   Mudança de interesse o tempo todo;
h)   Intolerância a situações monótonas ou repetitivas;
i)    Busca frequente por coisas estimulantes ou simplesmente diferentes;
j)   Variações frequentes de humor.
      
       O diagnóstico, após estabelecido, pode gerar tristeza e inconformação por parte dos pais, assim como aceitação e busca de tratamento.
       Segundo Barkley (2002, p.154), combinar medicações com tratamento psicológico pode produzir benefícios adicionais e talvez resultar em menor necessidade de medicação ou na diminuição de doses.
       Estando em tratamento, a escola necessita buscar formas para acolher esse aluno em sua realidade, visto que a LDB, em seu artigo 3º, inciso I,  diz que “O ensino será ministrado com base nos princípios de igualdade de condições para o acesso e permanência na escola para todos os alunos”.
       A igualdade de direitos dá ao TDAH melhores possibilidades de crescimento educacional escolar.

Referências Bibliográficas

TDAH- Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade – Conversa com educadores .Disponível em http://www.abda.org.br/images/stories/site/pdf/tdah_uma_conversa_com_educadores.pdf Acesso em 9 out. 2012

MATTOS, PAULO. No mundo da lua. 9. ed. São Paulo Pag 17, 21, 22, 29, 30, 45, 54, Casa Leitura Médica,2010
  
BOYNTON, M.; BOYNTON, C. Prevenção e resolução de problemas disciplinares: guia para educadores.1. ed. , Porto Alegre, p. 149-156, Artmed, 2008.

BARKLEY, R.A. Transtorno do déficit de atenção/hiperatividade (TDAH): guia completo e autorizado para os pais, professores e profissionais da saúde. 1.ed. Porto Alegre, p. 65, 132, 154, Artmed, 2002.


Nenhum comentário:

Postar um comentário